Terapia Compressiva e Insuficiência Venosa

Atualmente, e segundo os dados mais recentes, a Doença Venosa Crónica afeta em Portugal cerca de 35% da população adulta, com maior incidência nas mulheres a partir dos 30 anos que afeta 7 em cada 10 mulheres.

in dnoticias.pt publicado a 4 jul 22

As artérias transportam sangue do coração para o corpo, enquanto que as veias transportam o sangue pouco oxigenado de volta ao coração – contra a gravidade. Nos membros inferiores, onde o trajeto de retorno do sangue ao coração é mais longo, esta função é auxiliada pela chamada bomba muscular, composta pelos músculos da barriga das pernas e pelas válvulas venosas.

Se este sistema começar a falhar, o sangue acumula-se nas pernas, dando origem a telangiectasias, veias varicosas, inflamação venosa e, em estágios muito avançados, úlceras venosas nas pernas.

As veias contêm válvulas em forma de crescente, que dividem os vasos longos em segmentos. Estas válvulas abrem-se assim que o sangue é empurrado para cima, no sentido do centro do corpo, contra a gravidade, e fecham no momento em que o sangue pára e começa a fluir para trás.

Quando contraímos os nossos músculos para andar, eles apertam as veias. Isso bombeia o sangue para cima, das barrigas das pernas em direção ao coração. Sem exercício físico, os músculos não conseguem exercer pressão mecânica sobre as veias, as quais vão dilatando e impedindo as válvulas, no seu interior, de fecharem convenientemente. Provocando uma sensação de pernas cansadas e pesadas, inchaço, varizes ou veias varicosas sinuosas.

Veias varicosas também denominadas de varizes, são veias dilatadas geralmente visíveis nas pernas ou coxas, que resultam de uma mistura de fatores genéticos e comportamentais. Fatores como a obesidade, longas horas de pé ou sentado, sedentarismo, alterações hormonais, gravidez e o envelhecimento contribuem para o agravamento da doença venosa.

Se não fizer mudanças nos hábitos de vida diários a insuficiência venosa continuará a agravar podendo evoluir para ferida (úlcera C6).

É aqui que a terapia compressiva pode ajudar. Tendo como objetivo prevenir a progressão da doença e reduzir os sinais e sintomas (dor, edema). A compressão diminui ao longo da meia à medida que vai subindo (compressão gradual). Reduzindo o diâmetro das veias e aproximando as válvulas venosas e permitindo que transportem o sangue mais rapidamente em direção ao coração. As pernas tensas relaxam, impedindo a formação de coágulos sanguíneos (trombose). Desta forma, os utilizadores beneficiam de novo de uma melhor sensação de bem-estar e de segurança.

O comprimento das meias de compressão depende da localização do dano nas veias e do seu progresso. Podendo ser até ao joelho (AD), até à coxa (AG) ou collant (AT) / collant de grávida (AT/U).

As meias de compressão têm um gradiente de pressão definido, que vai progredindo do tornozelo até à coxa (compressão gradual) enquanto que, as meias de descanso não estão sujeitas a uma norma.

A gravidade da doença venosa determinada o grau de compressão das meias.

Diferentes tipos de malhas podem ser consideradas tendo em conta o peso, a gravidade da doença venosa e o edema do utilizador.

Quanto maior for o peso e a predisposição para edema venoso; quanto mais severa for a doença venosa, e mais macio for o tecido conjuntivo: mais forte/menos elástico deverá ser o material da meia.

Com que frequência utilizar as meias de compressão?

Todos os dias!

As meias são indispensáveis no dia a dia, se passar muito tempo em posição de pé ou sentado; ao viajar, quer seja de carro ou avião, as meias ajudam a impedir os coágulos sanguíneos que podem ocorrer mesmo em pessoas com veias saudáveis.

As meias devem ser calçadas pela manhã ao levantar, uma vez que as pernas não estão inchadas nesta altura do dia, e retiradas à noite, antes de deitar, excepto existência de outras indicações médicas.

Qual a melhor forma de cuidar das meias de compressão?

– Retirar relógios e jóias antes de calçar as meias;

– Lavar as meias de compressão à mão, com sabão neutro de preferência líquido;

– Evitar a secagem da meia ao sol ou outras fontes de calor (secar à sombra);

– Evitar secar as meias com molas.

– Pratique uma alimentação equilibrada com muitas fibras. Beba pelo menos, 2 litros de líquidos por dia.

– Evitar roupa apertada. Utilizar calçado adequado (se possível sem salto e com sola flexível).

– Prefira escadas ao elevador.

– Quando sentado, não deixe as pernas ficarem penduradas, coloque um pequeno degrau/banco para os pés se necessário.

– Se trabalha muito tempo em pé, tente movimentar-se de vez em quando.

– Evite banhos quentes, no final passe os pés por água fria. Isso vai constringir as veias e ajudar o transporte de volta ao sangue.

– O calor esforças o nosso sistema venoso, relaxe na sombra e se tiver oportunidade passeie descalço pela água fria.

– Se for a saunas e fontes termais certifique-se de que passa as pernas por água fria.

– Coloque os pés para cima quando descansa e quando dorme, cerca de 15cm mais elevados do que o coração (com a ajuda de uma cunha ou almofada).

– Faça alguns exercícios que estimulam a circulação venosa, podendo ser feitos sentado:

– Rodar os pés em sentidos opostos alternadamente;

– Colocar-se em bicos de pés e depois apoiando o calcanhar elevar os dedos, este exercício pode ser feito com os dois pés ao mesmo tempo ou um de cada vez.